O RH de Lata: A busca pelo coração dentro da tecnologia

O que seria o RH de Lata e como encontrar o coração, a parte humana, em meio a tecnologia que a indústria 4.0 nos proporciona?

O Homem de Lata e a busca pelo coração

“Fico com o coração, respondeu o Homem de Lata. Porque cérebro não faz ninguém feliz, e a felicidade é a melhor coisa do mundo”.

O Homem de Lata conta uma triste história sobre um homem  que perdeu todo seu corpo de tanto trabalhar e se afastar de tudo que amava. Cada parte do seu corpo foi substituída por outra feita em lata – menos seu coração. E esta passa a ser a grande busca do Homem de Lata. Um filme antigo que nunca foi tão atual. 

RH 4.0: O RH de lata.

O termo RH 4.0 faz referência ao momento que estamos vivendo hoje, chamado de Quarta Revolução Industrial que surgiu na Alemanha em meados de 2010. A principal característica da Indústria 4.0 é a transformação digital da fabricação, utilizando novas tecnologias como Big Data/Analytics e Internet das Coisas, unindo a tecnologia digital à tecnologia de processos

Com essa mudança de cenário, o RH 4.0 vem fazendo muitas transformações no sentido de melhorar ses os processos internos, para suportar de forma mais adequada os processos produtivos. Uma destas transformações é a utilização de sistemas inteligentes para captura e análise de dados, favorecendo a tomada de decisão.

Nunca se falou tanto em tecnologia, assim como nunca se precisou tanto de coração. Contrasenso? Este é o maior desafio para o RH de Lata, também chamado de RH 4.0.

Desafio para o RH de Lata: Tecnologia vs. Coração 

O mundo do trabalho já não é mais o mesmo. O avanço tecnológico mudou a forma como as funções são executadas e exigiu que novas habilidades fossem desenvolvidas. Diversos processos foram automatizados para otimizar a operação, propiciando ganhos em termos previsibilidade, aumento de produtividade, redução de tempo e falhas, etc. 

A tecnologia também mudou a forma como o trabalho é executado, possibilitando uma maior agilidade e o emprego do tempo em atividades mais estratégicas, que agreguem mais valor para as pessoas e para a empresa. Atividades baseadas na rotina e na repetição provavelmente passarão a ser realizadas cada vez mais por robôs. 

Padronização, robotização, produtividade. Onde entra o coração?

É incrível o que a tecnologia nos proporciona hoje em dia, mas sem o elemento humano, nenhuma informação é boa o suficiente. O equilíbrio entre a tecnologia e aquilo que nos torna humano, as emoções, é o que irá fazer a diferença daqui pra frente. Robôs podem substituir uma linha de montagem, mas não conseguem exercer funções que demandem habilidades exclusivamente humanas como liderança, colaboração, inteligência emocional, criatividade, adaptabilidade e capacidade de resolver problemas, que deverão ser cada vez mais valorizadas.

De nada adianta pessoas perfeitas, de lata, que trabalham mais, de forma mais ágil, com menos falhas… se elas processam sem saber o que estão fazendo, ou melhor, por que estão fazendo. 

Como fazer a comunicação, por exemplo, sem coração? Quão eficiente isso pode ser nos times, nas áreas de vendas, no marketing, na produção? Como manter a empresa como um organismo vivo que é sem um coração? 

O coração está no porquê, está no propósito.

A tecnologia e a conectividade também impactaram em mudanças nesta área: em como as pessoas se relacionam com o trabalho. A linha nunca foi tão tênue entre o eu pessoal e o eu profissional e, com isto felicidade no trabalho ganhou outro grau de importância pois passou a colocar em risco a felicidade da vida.

Este assunto – felicidade no trabalho – não é novidade, até porque produtividade sempre esteve correlacionada à felicidade. A grande questão é que o conceito de felicidade foi atualizado. Agora, não se trata mais de “fazer o que se gosta” ou mesmo de “colocar o talento em prática”. As pessoas precisam estar engajadas com o propósito e ver significado naquilo que fazem para se sentirem felizes. 

Engajamento deve ser um dos termos mais pesquisado pelo RH no google nestes últimos anos. Engajamento é o caminho para o aumento da produtividade e qualidade, para a redução do absenteísmo e turnover. E sabe porque engajar colaboradores é uma missão tão difícil? Por que engajamento está ligado ao propósito, que mora no coração. E não se encontra o coração no google.

Apenas com autoconhecimento é possível fazer esse caminho para dentro. As empresas que investem em autoconhecimento estão à frente nesta caminhada de ajudar seus colaboradores a encontrarem seus propósitos e darem significado ao seu trabalho.

Este é o maior desafio do RH de Lata. Suas partes podem até ser substituídas por outras, de lata… mas seu coração, esse não tem substituição. Que sejamos capazes de colocar a tecnologia à serviço do coração.

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Alessandra Tavares
Alessandra Tavares
Graduada em psicologia pela UFSCar e pós graduada em Gestão Estratégica de Empresas pela Unicamp. Certificação Internacional em Coaching, Enneagram Professional Training Program (EPTP), Eneacoaching ®, DISC, Assessment Comportamental (IBC). Atuação em empresas nacionais e multinacionais de grande porte como Cosan/Raízen e Whirlpool. Especialista em processos de desenvolvimento humano aplicado à diversos contextos.

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